A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) agora é oficialmente cidadã goianiense. O título foi concedido nesta terça-feira (22) pela Câmara Municipal de Goiânia, após uma sessão marcada por divergências, discursos inflamados e um cronograma apertado. A proposta foi apresentada pelo vereador Coronel Urzêda (PL) e recebeu 25 votos favoráveis, contra três contrários. A votação foi feita no fim da sessão, que precisou ser estendida para garantir quórum suficiente.
A decisão dividiu os parlamentares e gerou debate dentro da Casa. A sessão teve início com atraso, após ser suspensa por uma hora e meia para uma reunião entre os vereadores sobre o andamento das sessões plenárias. Com a pauta apertada, os requerimentos começaram a ser votados às 11h50, apesar de o regimento interno prever o encerramento ao meio-dia. Nos dez minutos restantes, os parlamentares correram contra o tempo para discutir e aprovar as matérias.
Com o tempo esgotando, vereadores favoráveis à homenagem saíram do plenário para ligar a colegas ausentes e garantir votos. O presidente da Câmara, Romário Policarpo (PRD), chegou a estender a sessão por cinco minutos para que a votação pudesse ser concluída. “É apresentação de um vereador e se ele entende a relevância, tenho que confiar no meu companheiro de Câmara”, justificou Policarpo, que também votou a favor da proposta — embora, como presidente, não fosse obrigado.
A proposta foi defendida por parlamentares da base aliada ao ex-presidente Jair Bolsonaro, como Tião Peixoto (PSDB) e William Veloso (PL). Este último argumentou que Michelle teve atuação relevante, especialmente junto às pessoas com deficiência no Estado de Goiás. No entanto, não foram apresentados exemplos concretos de ações da ex-primeira-dama na capital goiana.
O vereador Anselmo Pereira reforçou a ideia de que cada parlamentar deve assumir a responsabilidade pela honraria que propõe. “Quem dá a honorabilidade é responsável por ela”, afirmou, citando como exemplo a entrega de título semelhante ao ex-presidente José Sarney durante seu mandato.
Críticas, discursos e acusações de uso político
A oposição foi vocal durante a sessão. A vereadora Aava Santiago (PSDB) declarou voto contrário e criticou o que chamou de proselitismo religioso por parte de Michelle Bolsonaro em visitas anteriores a Goiânia. Segundo ela, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro teria distorcido informações sobre crianças em situação de vulnerabilidade. “Não aceito que pessoas que se julgam donas da nossa fé sejam idolatradas através da profissão política”, disse.
Também contrário à proposta, o vereador Fabrício Rosa (PT) apontou falta de vínculos concretos entre Michelle Bolsonaro e a cidade de Goiânia. Em sua fala, Rosa classificou a homenagem como uma tentativa de promover politicamente uma figura pública sem relação efetiva com a capital. “Conceder essa honraria a alguém sem contribuições reais pode acabar esvaziando o sentido da comenda”, afirmou.
Além de Rosa e Aava, votaram contra o projeto os vereadores Kátia Maria (PT) e Edward Proteador (PT). Apesar das críticas, a maioria dos presentes optou por aprovar o título, acompanhando o parecer do vereador proponente.
Michelle Bolsonaro se junta ao marido em rol de homenageados em Goiás
O título de cidadania goianiense se soma a outras homenagens recebidas pela família Bolsonaro no Estado. Desde agosto de 2023, o ex-presidente Jair Bolsonaro também é cidadão goiano, honraria entregue pelo governador Ronaldo Caiado (União) após aprovação do projeto em 2019. Ele ainda recebeu comendas semelhantes nos estados do Paraná e de Minas Gerais.
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FONTE : O HOJE
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